quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Acordem coelhos!

Nas quermesses antigas do meu bairro, era um jogo bastante comum apostar num coelho para ver em qual casinha ele ia entrar. Era até engraçado ver o bichinho desesperado, correndo de casa em casa, tentando entrar em algumas, mudando de idéia várias vezes, ziguezagueando atrás de alguma coisa. Até que ele decide entrar em alguma casinha e um fulano lá atrás grita "coelho filho da p... apostei toda a grana da pensão na casa 12". Bem , exageros à parte, o fato é que a maioria de nós é como esse coelho da quermesse, andando desesperado, com pressa, sem saber aonde vai chegar e o que é pior: por quê vai chegar? Se nos perguntarmos o motivo de fazermos tudo o que fazemos, no final teremos sempre a mesma resposta: o medo da não sobrevivência.

Carregamos nos nossos genes a matriz da ancestralidade, dos nossos irmãos de outrora, cujo único propósito era ter um antílope assado na fogueira no final do dia. Guardadas as devidas proporções e localizações de contexto, o que fazemos é exatamente isso, ou seja, correr o dia todo para buscar a sobrevivência e ter um animal morto na brasa para um desjejum derradeiro( na verdade o antílope de hoje são dois hambúrgueres, alface, queijo...e bom...por aí). Mas não será isso muito pouco para o propósito de toda uma existência humana? Será que toda a complexidade do nosso ser se resume a um mero coexistir numa quase barbárie? Não, não acredito que toda a inteligência superior, responsável por esse planeta tenha imaginado que suas criações simplesmente andariam por aí, buscando desesparadamente o buraco mais atraente para se enfiarem. Nós, em sua maioria, estamos dormindo para uma realidade de múltiplas existências muito maiores do que os limites do nosso umbigo. Me ponho a dizer, que 90% das pessoas que eu convivo estão nesse estágio. Eu até me sinto obrigado a dizer qual será o título do meu livro: "comer, cagar,dormir,trepar". Seria uma homenagem singela que faço à maneira como vejo as pessoas ao meu redor.Alguns dirão que no título do livro falta o "trabalhar", mas trabalhar nós só fazemos para podermos continuar comendo,dormindo,cagando e trepando. Claro que existem exceções, mas no meu dia a dia da pra contar em uma mão aqueles seres que eu posso dizer "esse está acordado para algo!"

Como sempre, não me coloco como um arauto da perfeição, mesmo porque estou longe disso. Me considero pessoalmente um neurótico, um paranóico por assim dizer, que vê conexões sincrônicas em todos os acontecimentos. Mas o fato é que cada um tem seu tempo de despertar, e eu por vezes fico tentado a fazer com que as pessoas pulem determinados estágios e vejam coisas cuja expansão mínima da consciência nao permite. Mas cada um sabe a "casinha" que mais lhe apetece.

Postado ao som de:"Amado Batista:Sol vermelho"( Parece meio capa de filme do Steven Seagal)

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Sady Baby



Em minhas buscas quase paleontológicas sobre bizarrices do cinema nacional, me deparei( na verdade foi quase um indicação) com a figura de Sady Baby. Eu durante toda minha vida achei que caras como Neuville D'almeida eram o suprassumo da sujeira nacional, espelhando em suas obras todas as cicatrizes e mazelas de uma sociedade que empurra para baixo do tapete seus desejos insanos escatológicos, mas que, munidos de uma sensibilidade artística, conseguem captar essas manifestações e traduzí-las em forma de obras cinematográficas. Sady Baby leva ao extremo a somatização de desejos obscuros de toda uma coletividade, somada a sua história pessoal, e ao longo de vinte anos de carreira filmou o que considero a mais baixa produção do cinema nacional (e quiçá internacional) de todos os tempos. Dificilmente veremos seus filmes, até mesmo no canal Brasil, e não é fácil achar na web, sinopses de seus filmes. Portanto, munido de muita curiosidade, resolvi especular acerca do conteúdo de algumas obras. Deixo bem claro que nenhum dos títulos que se seguem foi inventado, e podem ser conferidos no link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sady_baby


Portanto, vamos começar os trabalhos...





No calor do Buraco(1986): Como todo bom visionário, Sady Baby previu a tragédia no Chile 24 anos antes de acontecer, e conta a história de um grupo de mineiros presos num..ah...buraco, durante aproximadamente 2 dias, e seus desmandos para aguentar o calor chafurdante da cratera. No fim eles saem do ah..buraco. E acaba!





O Cavalo e a Potranca((1986): Uma história de amor entre dois equinos, que mais tarde inspiraria o filme "Se eu fosse você". No filme, as almas dos dois animais são trocadas durante um ritual envolvendo magia negra e leite de caixinha, mas no fim eles destrocam e tudo acaba da mesma maneira. Nem precisa ver até o fim.





O Come tudo(1986): Triste história de um rapaz bulímico que trabalha como chapeiro do Macdonalds. O rapaz sofre crises constantes de vômitos em seu local de trabalho. É a visão do diretor sobre o sabor misterioso do Cheddar Mccmelt.





Vive Duro(1986): Triste história(dãã) de um rapaz desempragado(Dããããã) que decide dedicar sua vida à gratificante arte de manequim vivo.





Meus homens e meu cavalo(1986): Conta a história de Joana, dona da primeira equipe brasileira de Jóqueis.





O Jeito é Jegue(1986, não sei por que continuo colocando o ano, sendo que ele fez uns 30 filmes esse ano): Juro que não consegui uma explicação razoável para esse título.





Cresce na boca(1989): Triste história do traficante Titica, desde seus primeiros dias como aviãozinho até se tornar o maior chefe do tráfico em Quixeramobin.


Postado ao som de: Ovelha( Não,não são a mesma pessoa!!!)