Acho que isso é algo que sempre me perguntei. Acho que todo garoto teve o sonho de ser astronauta, jogador de futebol ou astro do rock(ou qualquer gênero musical). Particularmente Astronauta eu passei longe, pois se mal consigo entrar num elevador, quem dirá ficar com a cara entuxada num balde que parece aquele lixo do playcenter, Deus me livre. Jogador de futebol até cheguei a sonhar, mas a falta de noção com a bola no famoso esporte Bretão me fez no máximo ser um goleiro competente no Futsal. Já como astro do rock foi diferente. Não, eu nunca fui um e a julgar pela idade dificilmente serei, mas de todos os sonhos esse foi o que mais passei perto. Toquei em várias bandas e ainda toco até hoje, mas muito mais por diversão do que por obrigação de fazer sucesso. Acho que esse tempo já foi. Mas nunca deixo de me perguntar o que teria sido se eu tivesse insistido com mais energia nisso. Seria eu um músico imcompreendido?Do tipo Taiguara? Ou um vendido miserável, que enfia a dignidade no gluteo máximo, só pra fazer uma música digerível? Provavelmente eu começaria com uma banda de colégio chamada "Por favor traga meu chá" , formada pelos colegas de classe Heitor Queixo de Bunda no baixo, Zé gorila no teclado e Jair cabeça rosa na batera. Ganharíamos projeção com a música "Espinafres não usam tanga" e seríamos chamados para gravar nosso primeiro CD, e como seria de se imaginar, um sucesso meteórico. Em menos de dois anos, rodaríamos o Brasil e ganharíamos o disco de ouro, entregues no domingão do Faustão. Eu seria considerado uma estrela emergente e me envolveria com alguma atriz da novela das sete. Muita expectativa para o lançamento do segundo CD, que não teria o mesmo fôlego do primeiro, mas ainda alcançaria certa vendagem. Meu estrelismo me subiria à cabeça e eu começaria a ter atritos com os membros do grupo, ocasionando uma ruptura com a banda. Meu vício em omelete com farofa atrapalhria meu casamento, que ruíria em menos de um mês. Minha tentativa de carreira solo se mostraria infrutífera ao tentar lançar um CD reflexivo chamado "Algemas do sentimento", que mesmo vindo como brinde no sabão em pó, venderia apenas 500 cópias( O sabão era muito ruim!!). Eu engordaria 35 kg e sumiria do cenário nacional, até ser resgatado como apresentador pela MTV para apresentar algum programa de crítica gratuita. Depois seria contratado como produtor do CD acústico da banda restart e voltaria à mídia. Em 2036, cantaria ao lado de Seu Jorge um CD em homenagem a Clementina de Jesus. Em 2050, me converteria ao brahmanismo e passaria a me chamar Hanshupph Atemoff Carismok Silva. Em 2062 seria encontrado morto no meu apartamento, após uma ingestão letal de gás de groselha em meu narguile. Em 2072, comemorando dez anos do meu desencarne, a Disney lançaria uma animação contando minha vida e novamente "Espinafres não usam tanga" voltaria a ser sucesso.
Em 2080 eu ressucitaria, pois até a lá já vai ser possível isso, e recomeçaria gravando um CD de inéditas , um acústico, um DVD com extras e um boneco capaz de falar duas frases.