quinta-feira, 20 de outubro de 2011

ENSAIO SOBRE A....LOUCURA

Finalmente, depois de meses sem postar, eis que me encontro novamente frente a esta minha válvula de alívio moral, a qual não vinha dando a devida atenção nos últimos tempos. Não acredito que as coisas tenham mudado de forma radical; de uma maneira geral 2011 tem sido um ano ruim em muitos aspectos, e bom em alguns poucos. Não estou sendo pessimista, mas definitvamente, quando você começa a torcer pro ano acabar logo, é porque as coisas não estão como você gostaria. Eu costumo dizer que tenho muita sorte na vida, o que eu não tenho é paciência. Paciência para que as coisas aconteçam como tem que acontecer. Geralmente coloco minha razão à frente e esqueço que por trás de tudo isso tem um plano maior. Custo às vezes a acreditar que se há uma missão ao qual eu devo fazer, eu não sei se estou fazendo.

Me sinto invisível para a grande maioria das pessoas; esse é o carma do introvertido. Tenho uns poucos amigos sinceros, mas em geral sou meio coadjuvante nos locais onde eu ando. Muitas pessoas me dizem que essas pessoas é que perdem de poder conhecer uma pessoa legal, mas sinceramente, não creio nisso. Acho que despertei minha consciência cedo demais e me isolei de algumas coisas; até consigo fazer coisas que eu fazia antes, mas quando se sabe o que faz, a cobrança interna é muito maior.

Meus defeitos são defeitos, mas minhas qualidades não são exatamente qualidades no mundo de hoje. Como costumo dizer "tá todo mundo enlouquecendo", nessa incessante busca por prazer está fazendo com que deixemos de nos relacionar com pessoas, para nos relacionarmos com objetos para nossa satisfação. Realmente faço parte daquele 1% que não se encaixa em lugar nenhum. Se eu pudesse voltar atrás e não escolher despertar, eu voltaria, ou então deixaria pra despertar após a metanóia, lá pelos meus 45, 50 anos.

Estou numa idade estranha; sempre me disseram que era uma idade boa, mas sinceramente não tenho colhido louros dela. Não tenho saído, meus amigos a maioria morr..ops..se casou. No meu trabalho não consigo criar vínculos, pois fico um pouco em cada lugar. Enfim, todos os ingredientes para um monólogo sem platéia. A profundidade deu lugar a futilidade, ainda mais nessa cidade imbecil onde moro. Eu não vejo saída e creio que todos estamos destinados a enlouquecer. E como no livro de Saramago, num mundo onde todos estão cegos ou loucos, aqueles que conseguirem manter um pouco da sanidade, enxergarão além. Se bem que não sei se considero isso uma boa coisa.

POSTADO AO SOM DE: Heino( Dou um real pra quem conseguir decifrar a qual gênero sexual pertence essa criatura...)


sexta-feira, 29 de julho de 2011

Jogos de tabuleiro que você nunca verá por aí

Hoje em dia eles já não são a coqueluche. É difícil competir com os kinects, wiis e a interatividade virtual. As crianças já não se empolgam tanto em usar sua imaginação, pois é mais fácil ver o dragão do que visualizá-lo num tabuleiro. Mas eles continuam a existir, para sorte dos mais saudosistas, e desafio a atirar a primeira pedra aquele que acha que jogos como Imagem e ação, Detetive e Stop não são ótimas ferramentas para socialização. Enfim, deixo aqui uma lista de jogos que ninguém nunca verá( ao menos por enquanto) nas lojas especializadas.







1- DEVENDO PARA A MÁFIA: Chame os amigos para viver as emoções de estar devendo para os Capos! Uma diversão saudável! Consiga aliados, venda suas posses, saiba como é a emoção de dormir sem saber como vai acordar no dia seguinte! O jogo dura dez rodadas, pois é o número de dedos nas duas mãos que as pessoas geralmente tem, antes de perdê-los por dívidas não pagas. Perde aquele que primeiro acordar no fundo da lagoa Rodrigo de Freitas, com um Nike de Quartzolite.







2- STOP DERCY GONÇALVES: A velha Dercy está de volta. Convoque a porra dos amigos pra jogar esse jogo do caralho. Sorteie numa pilha de letras, aquela correspondente à merda da rodada. Categorias? Não há. Apenas deixe fluir os maiores impropérios que sua mente perturbada conseguir formular. Perde aquele samaritano que ficar corado e não conseguir espelir nenhum palavrãozinho quando sortearem a letra B.







3- O ARQUIVISTA: Jogo para uma única pessoa.Viva a incrível e excitante vida de um arquivista. Separe os nomes por ordem alfabética, coloque todos de maneira que as pessoas possam achá-los de forma simples. Lembre-se que AB vem antes de AD. O jogo pode durar até seis horas e não é recomendando para cardiopatas, devido ao seu alto teor adrenérgico.







4- MONOPOLY ESTAGIÁRIO: Ah, a incrível vida dos estagiários ao alcance de suas mãos. Jogo sem limites de participantes, pois afinal, quanto mais estagiários, menos a empresa paga para manter um profissional. Sobreviva às rodadas do jogo com um montante inicial de 120 reais. Trace incríveis estratégias para sobreviver à hora do almoço com 10 reais, sendo que a maioria dos lugares um almoço custa de 12 pra cima. Viva a intensa emoção dos ônibus lotados, o trabalho semi-escravo e o incrível respeito que as pessoas lhe emprestam. Mas para ajudar, há as famosas cartas: Azar ou...Azar...ou você achou que sendo estagiário teria algum momento de sorte na vida? Vence quem conseguir ser efetivado. Perde aquele que se esforçar durante o tempo do contrato e levar um pé no glúteo depois de formado. Diversão para toda a família!!







5-CRUCIFICANDO JESUS: O substituto natural do Pula-Pirata. Reúna seus amigos e dê a eles os pregos de ferro que acompanham o jogo. O jogo conta também com pequenas pedras, que podem ser atiradas a esmo, bem como um manual em hebraico dos maiores xingamentos falados na época. Recomenda-se que a partida seja jogada ao ar livre, para que os jogadores tenham plena sensação das chagas que se aproximam. Perde aquele que ouvir a frase "Pai, perdoai-vos..." ( Eu espero que aquela nuvem de gafanhotos que estou vendo na minha janela agora seja apenas um efeito colateral do veneno que o vizinho jogou no quintal)







Postado ao som de:





















Joyce: Uma rosa para você ( essa com certeza também pregou Jesus na cruz. E ainda ficou lá pra assistir...)

sexta-feira, 24 de junho de 2011

A era sem moral

Já faz um tempo que não paro para escrever por aqui. Andei passando por uma fase sabática, onde parei pra pensar em muitas coisas, para fazer aquela velha limpeza dos "armários", jogar tralha fora, para que novas roupas e acessórios tenham espaço pra se achegar. Sinceramente não me sentia impelido a escrever nada, e olha que assunto não faltou, devido a experiências, digamos "extrassensoriais" as quais passei na última semana, mas que não são assunto para esse blog. Porém, ao parar pra refletir, e como sempre me coloco como o arauto da provocação, resolvi falar sobre um assunto, que de tão em moda já se tornou banal, que é a questão da moralidade. O que é a moralidade, e o que se está fazendo com ela nos dias de hoje?








Quem acompanha meu blog ( as duas pessoas que o fazem) ou quem me conhece pessoalmente sabe que eu, não seria eu, sem dar meus pitacos e cutucadas sobre assuntos sob os quais tenho uma opinião formada. E hoje não será diferente. Ao falar de moral, tento colocar em cima da mesa a função que tem essa entidade, se limitadora ou fundamental para a vida em sociedade. A Moral é o que norteia nossas ações em termos coletivos, que é a engrenagem do social. Aquilo que fere a moral, logo, em teoria, deveria macular a todos de uma maneira geral. Mas não vejo isso como verdadeiro. Se formos analisar friamente, a Moral é uma convenção, que embora seja um manual de instruções até certo ponto, não é uma tábua de salvação para o mundo. Os Maias já diziam em suas profecias, que no fim dos tempos, a Moral iria se rebaixar, para que as pessoas pudessem se mostrar como realmente são. E é o que tem ocorrido.








Eu sempre fui contra regras e convenções limitantes que a sociedade insiste em colocar, como grilhões para deter o verdadeiro potencial humano, mas que não podem ser totalmente ignoradas, com vistas a manter um equilíbrio homeostático na máquina do sistema. Porém o que vejo acontecer é uma deturpação de até onde se poder ir ou não, em termos de liberdade individual. Bom, mas até agora só escrevi bonito, me distanciando do meu estilo mais pé na porta, que é como me sinto mais à vontade. O que eu me perguntaria num dia normal é que porra está havendo hoje? Mas não encontraria a resposta, e ficaria como sempre fico: batendo a cabeça para tentar achar uma explicaçção racional. Mas não há!! A grande verdade é que criou-se uma linha tênua entre o livre e o imoral. Não me coloco mais uma vez como arauto da moralidade, mas daí ter uma permissividade, não acredito ser esse o caminho. Me preocupa essa geração "de sensações" que está surgindo, nos seus 12, 13,14 anos. Não há limites quanto a sexualidade, relacionamentos emocionais. Tudo é experimentação, e não acho errado, desde que haja um ego fortalecido e uma família estrutuda por trás, e sinceramente, nenhum dos dois existe na maioria dos casos. A sensação e o prazer são mais importantes. Mas o pior não é essa geração e sim a minha, que ao invés de dar suporte a essa nova "turma", acaba fugindo para uma máscara de plástico, ou então tenta entrar na mesma sintonia ( ou "vibe" como diria filha da putisticamente), quando na verdade fomos criados de outra maneira. Cada um sabe onde seu calo aperta, e cada um julga seus atos de acordo com as ferramentas que possui. Não há como cobrar de alguém determinadas atitudes, quando estas não estão internalizadas.








A grande verdade é que hoje a putaria está desenfreada, a velocidade está desenfreada, tudo parece sem rédeas. Talvez seja a tão mudança de padrão dimensional, ou mesmo uma fase de transição. Sinceramente parei de me preocupar com o que virá, pois cada um receberá as sementes que plantou. Pra mim não existe código de moral e sim código de ética. Já diria RS "Faz o que Tu queres, há de ser tudo da lei!" O juiz interno proverá e julgará. Mas esse juiz é a própria pessoa, portanto, não haverá arbitrariedade nesse julgamento.



A única dica, a qual procuro seguir é o ser feliz. Mas que essa felicidade não signifique pisar em ninguém, e sim, seguir sua essência verdadeira e não aquela imposta de fora.


Postado ao som de:
Odair Cabeça de Poeta e Grupo Capote "Feira da Fruta"( a trilha do filme do "Bátima")
Se feiura pagasse imposto......



terça-feira, 19 de abril de 2011

Mudança de ciclo


As provas estão terminando e com isso mais um ciclo se fecha. Mas isso é apenas uma manifestação simbólica do que tem ocorrido. Tive algumas quedas esses dias, me senti nervoso, irritado, ainda me sinto assim. Não me culpo por sentir raiva, pois ela faz parte de mim, mas estou aprendendo a dialogar com ela. Sinto raiva de algumas pessoas? Sim, mas não as odeio, porque o problema sou eu. Cada um tem seu momento e aqueles que semeiam vento, colhem tempestades. Tive um surto adrenérgico, tremedeiras, tudo isso por coisas da minha cabeça, coisas que acho que não estão certas, mas muitas delas não cabe a mim mudar. Me sinto isolado, meio atrasado na corrida, que por sinal é uma corrida que eu nem deveria participar. Na corrida materialista eu jamais seria a lebre, tampouco a tartaruga, mas o correr da coisas é que me incomoda. Às vezes sinto que não estou fazendo aquilo que vim fazer aqui, minha missão. Sinto que as coisas estão atrasadas e que talvez não de conta de fazer todo o trabalho. Me sinto pressionado por mim mesmo. Sinto dor, como qualquer ser humano, mas nunca me conformo, nunca estou na zona de conforto, escorado em algum rótulo. Não gosto do momento presente, portanto espero a roda girar novamente. Meus amigos não estão mais aqui, no meu trabalho é praticamente impossível criar vínculos afetivos, pois estou cada dia em um lugar. Na minha faculdade, eu nunca me senti pertencente àquele grupo e sinceramente conto os dias para a minha formatura. A coisas mais emocionantes que eu tenho feito são passar shampu e condicionador ao mesmo tempo, colocar o feijão antes do arroz e quando não tem pão em casa, sair pra comprar.Minha vida hoje é quase um episódio de Miami Vice. Tudo bem que não sou mais um entusiasta da boêmia, mas dái virar recluso, já não se mostra tão atraente. Sim, é uma mudança de ciclo, e como toda mudança demandar morte de velhos grilhões, sangramento, destruição de alguma maneira. Nós nascemos sangrando, morremos sangrando e vivemos sangrando...é sempre necessário uma certa dose de dor nas mudanças, mesmo que sejam imperceptíveis. Ser feliz é uma busca? A felicidade está na própria busca desta. Não existe felicidade eterna, embora hoje se acredite nessa teoria. Temos que ser felizes a todo momento, viver apenas pro prazer, pro riso, pro que é bom. E quando entramos em contato conosco? A reflexão é necessária, momentos soturnos, de introspecção para que outras partes de nós comecem a falar. Eu particularmente não consigo viver uma síndrome de comercial de margarina. Acredito que possuo muito mais a me orgulhar do que reclamar, mas faz parte ser incompleto. Felicidade eterna não nos levaria a lugar nenhum. A mudança tem que acontecer.

E ela está acontecendo....



Postado ao som de: Tino "Por primera vez"























E sem poder sentar uma semana depois dessa primeira vez...

quinta-feira, 10 de março de 2011

E minhas últimas palavras foram...

Na final do Vale Tudo: "hei Anderson Silva, é uma gracinha esses dois olhinhos desenhados atrás do seu calção.Tinha pra macho!!!!hahahah"


No bis musical : "fala galera do Bar demônios sangrentos, heis minha última composição. Ela se chama Meu amor por você é tudo!"


Na apresentação de um projeto : "É com um grande prazer que informo à diretoria que acabamos de comprar aquele terreno ao lado do hospital israelita. Agora posso dar continuidade ao meu sonho:à construção do museu Adolf Hitler!"


Em Santiago,no Chile: "Relaxa Hernandez, esse terremoto é daqueles fraquinhos. Vai que agora é sua vez aí no gamão!"


Contando vantagem para os amigos: "Se eu usei camisinha? Claro que não! isso é coisa de marinheiro dos anos 70!"


Fazendo gambiarra na fiação: "É tranquilo. É só juntarmos esses dois fios desemcapados aqui e tá feita a iluminação pra festinha da sua filha!"


Na associação das Lésbicas e simpatizantes: " Vocês estão muito estressadas. Isso é falta de Macho!!!"


Na associação dos Machos convictos: "Vocês estão muito estressados. Isso é falta de Macho!"


Na porta de um cemitério,à meia-noite, numa noite de lua cheia:" Vamos andando querida! É apenas uma garotinha pálida, de pijama, com o cabelo todo escorrido na cara!"


Nos esportes radicais: "Rafting em prancha de isopor? Parece legal, vamos nessa!"


Postado ao som de:
Odair José" Eu sou Nosferatu!!!!"

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Acordem coelhos!

Nas quermesses antigas do meu bairro, era um jogo bastante comum apostar num coelho para ver em qual casinha ele ia entrar. Era até engraçado ver o bichinho desesperado, correndo de casa em casa, tentando entrar em algumas, mudando de idéia várias vezes, ziguezagueando atrás de alguma coisa. Até que ele decide entrar em alguma casinha e um fulano lá atrás grita "coelho filho da p... apostei toda a grana da pensão na casa 12". Bem , exageros à parte, o fato é que a maioria de nós é como esse coelho da quermesse, andando desesperado, com pressa, sem saber aonde vai chegar e o que é pior: por quê vai chegar? Se nos perguntarmos o motivo de fazermos tudo o que fazemos, no final teremos sempre a mesma resposta: o medo da não sobrevivência.

Carregamos nos nossos genes a matriz da ancestralidade, dos nossos irmãos de outrora, cujo único propósito era ter um antílope assado na fogueira no final do dia. Guardadas as devidas proporções e localizações de contexto, o que fazemos é exatamente isso, ou seja, correr o dia todo para buscar a sobrevivência e ter um animal morto na brasa para um desjejum derradeiro( na verdade o antílope de hoje são dois hambúrgueres, alface, queijo...e bom...por aí). Mas não será isso muito pouco para o propósito de toda uma existência humana? Será que toda a complexidade do nosso ser se resume a um mero coexistir numa quase barbárie? Não, não acredito que toda a inteligência superior, responsável por esse planeta tenha imaginado que suas criações simplesmente andariam por aí, buscando desesparadamente o buraco mais atraente para se enfiarem. Nós, em sua maioria, estamos dormindo para uma realidade de múltiplas existências muito maiores do que os limites do nosso umbigo. Me ponho a dizer, que 90% das pessoas que eu convivo estão nesse estágio. Eu até me sinto obrigado a dizer qual será o título do meu livro: "comer, cagar,dormir,trepar". Seria uma homenagem singela que faço à maneira como vejo as pessoas ao meu redor.Alguns dirão que no título do livro falta o "trabalhar", mas trabalhar nós só fazemos para podermos continuar comendo,dormindo,cagando e trepando. Claro que existem exceções, mas no meu dia a dia da pra contar em uma mão aqueles seres que eu posso dizer "esse está acordado para algo!"

Como sempre, não me coloco como um arauto da perfeição, mesmo porque estou longe disso. Me considero pessoalmente um neurótico, um paranóico por assim dizer, que vê conexões sincrônicas em todos os acontecimentos. Mas o fato é que cada um tem seu tempo de despertar, e eu por vezes fico tentado a fazer com que as pessoas pulem determinados estágios e vejam coisas cuja expansão mínima da consciência nao permite. Mas cada um sabe a "casinha" que mais lhe apetece.

Postado ao som de:"Amado Batista:Sol vermelho"( Parece meio capa de filme do Steven Seagal)

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Sady Baby



Em minhas buscas quase paleontológicas sobre bizarrices do cinema nacional, me deparei( na verdade foi quase um indicação) com a figura de Sady Baby. Eu durante toda minha vida achei que caras como Neuville D'almeida eram o suprassumo da sujeira nacional, espelhando em suas obras todas as cicatrizes e mazelas de uma sociedade que empurra para baixo do tapete seus desejos insanos escatológicos, mas que, munidos de uma sensibilidade artística, conseguem captar essas manifestações e traduzí-las em forma de obras cinematográficas. Sady Baby leva ao extremo a somatização de desejos obscuros de toda uma coletividade, somada a sua história pessoal, e ao longo de vinte anos de carreira filmou o que considero a mais baixa produção do cinema nacional (e quiçá internacional) de todos os tempos. Dificilmente veremos seus filmes, até mesmo no canal Brasil, e não é fácil achar na web, sinopses de seus filmes. Portanto, munido de muita curiosidade, resolvi especular acerca do conteúdo de algumas obras. Deixo bem claro que nenhum dos títulos que se seguem foi inventado, e podem ser conferidos no link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sady_baby


Portanto, vamos começar os trabalhos...





No calor do Buraco(1986): Como todo bom visionário, Sady Baby previu a tragédia no Chile 24 anos antes de acontecer, e conta a história de um grupo de mineiros presos num..ah...buraco, durante aproximadamente 2 dias, e seus desmandos para aguentar o calor chafurdante da cratera. No fim eles saem do ah..buraco. E acaba!





O Cavalo e a Potranca((1986): Uma história de amor entre dois equinos, que mais tarde inspiraria o filme "Se eu fosse você". No filme, as almas dos dois animais são trocadas durante um ritual envolvendo magia negra e leite de caixinha, mas no fim eles destrocam e tudo acaba da mesma maneira. Nem precisa ver até o fim.





O Come tudo(1986): Triste história de um rapaz bulímico que trabalha como chapeiro do Macdonalds. O rapaz sofre crises constantes de vômitos em seu local de trabalho. É a visão do diretor sobre o sabor misterioso do Cheddar Mccmelt.





Vive Duro(1986): Triste história(dãã) de um rapaz desempragado(Dããããã) que decide dedicar sua vida à gratificante arte de manequim vivo.





Meus homens e meu cavalo(1986): Conta a história de Joana, dona da primeira equipe brasileira de Jóqueis.





O Jeito é Jegue(1986, não sei por que continuo colocando o ano, sendo que ele fez uns 30 filmes esse ano): Juro que não consegui uma explicação razoável para esse título.





Cresce na boca(1989): Triste história do traficante Titica, desde seus primeiros dias como aviãozinho até se tornar o maior chefe do tráfico em Quixeramobin.


Postado ao som de: Ovelha( Não,não são a mesma pessoa!!!)

domingo, 16 de janeiro de 2011

O princípio do prazer

É como vejo a situação das pessoas hoje em dia. O trabalho, a faculdade, as mil e uma obrigações desse mundo globalizado, que tornam nosso dia cada vez mais sufocante e entediante nos levam a um estado de baixa resistência à frustrações. Parece que o ser humano está cada vez mais distante de si mesmo, não existe qualquer resistência à dor. A dor que eu digo, não no sentido físico, mas no sentido de entrar em contato consigo mesmo, pois se provoca angústia, o ser humano foge, vivendo sempre naquele princípio hedonista, onde apenas o prazer momentâneo importa. Que porra são esses relacionamentos de isopor que estamos vivendo? A velocidade a qual está o mundo parece ter afetado nossa maneira de nos relacionarmos. Não se cria mais um relacionamento de profundidade. Os laços são desmanchados na primeira dificuldade, ou primeira incompatibilidade de idéias. Claro, é muito mais gostoso viver na eterna paixão, na eterna novidade, no eterno relacionamento de isopor. O que importa é se está tudo bem, pois se não está, simples, troca-se por outro, assim, como se troca uma peça de roupa,afinal, uma peça de roupa não tem sentimentos, não vai se importar de ser jogada ou trocada por uma mais nova.

Pra onde vamos com tudo isso? Que tipo de geração monstruosa é essa que estamos criando? São robôs, andróides,ciborgues, com a diferença é que no lugar dos circuitos, parecem ter sido trocados por fluídos libidinosos, cuja única expressão de vida é liberá-los no orifício mais próximo. Ao que parece ninguém se programa pra estar junto pelos próximos 10,20 anos, e sim até o próximo fim de semana, claro, em que tenha algo pra fazer, pois se não tem programa, um já começa acusar o outro de ostracismo e falta de criatividade. É muito fácil culpar o outro por não conseguir estar próximo de si mesmo. Na verdade lanço aqui a "carreira de consultor de criatividade dos programas dos casais que para evitarem entrar em contato com a profundidade um do outro se apegam a programas mequetréfes de preferência onde nem se olhem no rosto!" Acho que seria a carreira ideal pro tipo de relacionamentos que estamos vivendo.

As facilidades da vida moderna criaram um tipo de barreira invisível, onde é mais fácil ter uma rede social virtual do que perguntar a um amigo sobre o que ele está passando no momento. É mais fácil deixar um recado de aniversário do que ligar para a pessoa.E a pessoa ainda responde "obrigado pela lembrança" sendo que a data do aniversário está escrita na página. Enfim, sinceramente não sei onde vamos chegar com isso, se vai ser preciso uma onde de 30 metros invadir para começarmos do zero, sinceramente só sei especular, mas não o suficiente pra ganhar uma bolada na bolsa.

Enfim,estou assustado.

Postado ao som de:
Millie Vanilli

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Meu dia de Rocky Balboa

Essa noite revi o filme "Rocky Balboa", o último da saga do garanhão italiano. A primeira vez que o vi foi em 2008 e esse ano tem a ver com esse post, mas explicarei mais pra frente. Na verdade achei o filme ótimo. Me emocionei bastante, principalmente na cena final, onde o resultado pouco importou para ele, sendo que os louros e glórias das vitórias seriam um mero adorno para um ego cada vez menos sisudo. Quando digo que a história tem a ver comigo, não pretendo narrar nenhuma briga em que me meti, mesmo porque, se eu saísse "no braço" tipo, com a Malu Magalhães, dava empate técnico. A história foi bem diferente.
Em 2007 tinha acabado de passar por um processo onde, depois de muito sofrimento, consegui recuperar minha saúde e até mesmo minha sanidade, que por pouco não foi perdida de vez. Então, resolvi voltar a procurar meu antigo grupo de teatro, seguindo uma forte intuição, e fui muito bem recebido. Fiquei trabalhando nos bastidores, carregando cenários, fazendo sonoplastia e sabe qual a maior?Eu amei cada momento. Se eu fosse colocado nessa posição anos atrás, meu ego de ator canastrão, viciado em aplausos por educação jamais permitiria. Mas nessa época ( e faria de novo), senti como se estivesse conectado ao mundo novamente. A sensação do trabalho pesado e de me sentir querido e aceito foi algo fundamental na minha cura. Mas a história em si começa mesmo no ano seguinte.
Quando comecei 2008, cheguei para o meu diretor, jogando verde, com uma idéia de fazer um monólogo. Ele achou estranho, mas no fim, o que era pra ser uma brincandeira, acabou virando um trabalho e um desafio, pois nenhum dos dois tinha qualquer experiência em monólogo. E foi aí que a história começou a me lembrar do filme de Balboa. Primeiro porque os ensaios foram super puxados, tive que fazer um trabalho de corpo pesadíssimo, por pouco não tive que ir num açougue esmurrar uma peça de coxão duro. Fui muito cobrado, e muitas vezes não acreditei em mim. Mas o trabalho saiu, apesar do pouco tempo de ensaio.
No dia da apresentação, minha tensão era evidente. Eu mal conseguia ficar parado, pensando em como seria voltar ao palcos depois de 4 anos. Eram cinco monólogos à noite. O engraçado de tudo isso, é que eu era o mais velho ali. Por ser um festival estudantil, os participantes eram em sua maioria do ensino médio. No festival também tem a categoria "voto popular", onde o público elege a melhor cena da noite. Não preciso nem dizer que no teatro choviam turmas inteiras do colégio, pais,tios, sobrinhos,papagaios e tias avós peidorrentas torcendo para a garotada. Eu não avisei ninguém da apresentação. Minha cena era a última da noite. Lá de cima do camarim eu ouvia os gritos efusivos ao final das apresentações. Quando desci as escadas, era como se estivesse realmente entrando num ringue de Las Vegas. Muita gente ali já havia criticado meu trabalho algumas vezes e outras sequer ouviram falar, mas ali estava eu, alguns anos mais velho, sem pisar num palco fazia tempo, destreinado, inseguro...mas entrei mesmo assim.
Quando comecei a cena, senti uma energia muito forte, e foi como se tudo aquilo que guardei durante anos voltasse à tona, ou como diria Rocky "as coisas no porão". Modéstia à parte, dominei a cena e fui ovacionado. Muitos foram me abraçar e me parabenizar, como a cena em que o campeão de boxe é cumprimentado. A maioria das pessoas foi unânime em dizer que foi a melhor cena da noite e meu diretor cravou "você vai levar prêmio de melhor ator".
Porém os jurados foram duros e críticos e quem acabou levando foi um dos atores da escola que patrocinava o evento. No voto popular creio que ficamos em quarto lugar. Ainda bem que não tinha rebaixamento. Mas só esse fato me deixou feliz, porque sei que aqueles que votaram, votaram porque realmente gostaram. E na verdade, como no filme, o resultado pouco importou para mim, e sim o fato de ter me levantado das porradas e prosseguido. Naquele momento meu próprio ego entendeu que ele é parte de algo muito maior, que o coração até pode ter suas feridas e as cicatrizes podem endurecê-lo, mas nunca é tarde pra se sentir vivo.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Síndrome de Plantinha

É como me sinto e me senti a vida toda. Eu acredito que a metáfora da planta ou da árvore frutífera seja muito aplicada a como me sinto. Eu sei que assinei um contrato para estar aqui, e sei que nesse contrato inclui tudo aquilo que subjaz à minha condição, mas creio não incluir a maneira como fui transformando os fatos em atitudes. Eu sou uma árvore pronta para dar frutos, desde que seja regada, que receba água, porém creio que não tenho recebido o suficiente ultimamente. Ando me sentindo desvalorizado, como se muitas coisas do que eu faço não fizessem qualquer diferença. Tá, eu sei que EU devo dar valor pra isso, e como dou, e é por isso que acho que preciso de mais. Não me sinto valorizado no meu trabalho. Eu sei da minha capacidade e do quanto posso render, mas insistem em me deixar numa função nada condizente com o que sei realmente. Eu agradeço por esse meu trabalho, pois é ele que paga minhas contas, mas me irrita saber que posso fazer mais, por mim e pelo outro, mas não estou fazendo. Na minha faculdade nem se fala. Procuro, todos os dias em que acordo, me lembrar que cada um tem seu momento, e cada um sabe aquilo que precisa pra evoluir no momento. Mas sinceramente não tenho conseguido conviver com tanta futilidade e imbecilidade, me sinto fora do mundo e o que é pior, não tenho a mínima vontade de mudar esse quadro. Não tenho vontade de dispender energia tentando fazer uma chamada social, porque antes de mais nada, eu me respeito e não faço nada que vá me deixar fora do que sou realmente. Não tenho libido pra dispender pra essas pessoas, e ainda faltam dois anos de convivência.
No meu convívio diário também ando assim. Exceção feita aos amigos de longa data, são poucas as pessoas que hoje posso dizer que fazem a diferença. Claro, eu sempre conto comigo e apenas comigo para realizar minhas coisas, mas anjos de uma asa só tem mais dificuldades pra voar. Parece que muitas vezes estou pregando no deserto. Me dá vontade de largar tudo, como muitas vezes já tive. Só não largo porque minha fé é maior( seria fé ou idiotice mesmo?eu nunca vou saber a diferença). Mas também, diga-se de passagem, preciso agradecer muito às poucas pessoas que realmente estão comigo, a essas eu jamais deixarei de dizer um sincero "muito obrigado".
Não vou ficar me lamentando, até porque o show tem que continuar, seja um monólogo ou não, as cortinas vão subir e eu farei o meu melhor, porque no final, os aplausos que eu escutarei são ecos do meu próprio sucesso.
Namastê